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A REFORMA TRIBUTÁRIA E OS DESAFIOS PARA O PRODUTOR RURAL

Principais Alterações e Impactos para o Produtor Rural

  1. Substituição de Tributos por IBS e CBS: A reforma propõe a substituição de diversos tributos, como PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS, por dois novos impostos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Esses impostos serão aplicados dentro de um sistema de Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual, com o objetivo de simplificar a tributação sobre o consumo. Para o agronegócio, essa unificação promete reduzir a complexidade tributária, impactando diretamente as cadeias produtivas com um sistema mais claro e menos burocrático. ​
  2. Alíquotas Diferenciadas para Produtos Agropecuários: Produtos como alimentos in natura, insumos agropecuários e produtos pesqueiros e florestais terão uma redução de 60% nas alíquotas do IBS e da CBS. Itens da Cesta Básica Nacional, como frutas, hortaliças, ovos e carnes, terão alíquota zero, garantindo o acesso da população a esses produtos essenciais. Além disso, pequenos produtores com receita bruta anual inferior a R$ 3,6 milhões poderão optar por não pagar esses tributos, isentando-os do IBS e da CBS. ​
  3. Criação do Imposto Seletivo (IS): A reforma institui o Imposto Seletivo, que será aplicado sobre bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. No entanto, produtos agropecuários que fazem parte da Cesta Básica e insumos agropecuários com alíquotas reduzidas estarão isentos desse imposto, evitando onerar setores sensíveis do agronegócio. ​

Desafios e Considerações para o Produtor Rural

Embora a simplificação tributária seja vista como um avanço, há preocupações em relação ao aumento da carga tributária para alguns segmentos do setor. A transição para o novo sistema pode significar o fim de regimes fiscais especiais que antes ajudavam a reduzir os custos de produção. Para mitigar esse impacto, é necessário que a implementação da reforma seja feita de forma gradual e bem planejada, com uma adaptação do setor entre 2026 e 2033. Esse período de transição exigirá investimentos em novos sistemas de conformidade fiscal e em treinamento de pessoal, para que os produtores possam se adaptar às novas regras. ​

Importância da Regulamentação Detalhada

A efetividade da reforma dependerá da regulamentação detalhada das leis complementares, especialmente no que diz respeito à definição precisa dos produtos que compõem a Cesta Básica Nacional, os critérios para a aplicação das alíquotas diferenciadas e a operacionalização do Imposto Seletivo. O papel de entidades representativas do agronegócio, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), será crucial para garantir que as particularidades do setor sejam atendidas nas regulamentações, evitando que a reforma prejudique a competitividade e sustentabilidade da atividade agropecuária.

Conclusão

A Reforma Tributária brasileira representa uma mudança importante para o produtor rural, com a promessa de simplificar o sistema fiscal e reduzir a carga tributária em vários aspectos. No entanto, os desafios relacionados à transição e à necessidade de regulamentação detalhada precisam ser cuidadosamente observados para garantir que as mudanças promovam a eficiência tributária sem comprometer a competitividade do setor. O sucesso dessa reforma dependerá de um equilíbrio entre simplificação e a preservação das condições favoráveis ao agronegócio, garantindo que o setor continue sendo um motor essencial da economia brasileira.​

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